Quarta rodada: Aéreas mantém proposta indecorosa de aumento dos salários

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Empresas ofereceram um ponto percentual a mais no reajuste dos benefícios mas mantiveram 4% de aumento nos salários. Para representantes sindicais, leve avanço apenas mantém proposta indecorosa, que está muito aquém da necessidade dos trabalhadores
A quarta rodada de negociação entre os sindicatos cutistas de aeroviários, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), a Fentac/CUT, de um lado, e o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), de outro, foi concluída na manhã desta quinta feira com um avanço insignificante.
Após uma longa discussão, as empresas aéreas ofereceram uma nova contraproposta aos trabalhadores, com a manutenção da oferta de 4% de aumento sobre os salários e ampliação de 4% para 5% no reajuste sobre os benefícios dos aeroviários. Todavia, mantiveram a proposta de reajuste zero na cláusula da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que versa sobre as diárias dos aeronautas e a mudança no texto do item, que seria prejudicial aos trabalhadores.

A reunião contou com um amplo debate, que durou cerca de duas horas. Nele, os trabalhadores apontaram que havia um total desequilíbrio na negociação, uma vez que as empresas estão oferecendo, como reajuste, apenas a metade da inflação prevista para o período, além de propor uma alteração danosa na cláusula das diárias dos aeronautas e negar todas as cláusulas sociais novas defendidas pelos aeroviários, além de negar todas as mudança de redação sugeridas pelos trabalhadores.
A bancada patronal, por sua vez, para defender o arrocho salarial, citou a eleição de Trump como mais um desafio a ser enfrentado pelas companhias aéreas, que pode acirrar a crise financeira nacional e internacional. Os representantes das empresas citaram o enxugamento das frotas devido à crise, mas confessaram que o setor começa a sentir uma melhora nas operações. Também afirmaram que a possível aprovação da nova lei dos aeronautas vai impactar no custo das empresas aéreas.

O Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre participou da rodada, representado pelos diretores Edmilson Fraga, Fernando Antônio Gluszczak e Celso Klafke. A bancada trabalhista reforçou seu posicionamento de que as empresas não valorizam os trabalhadores nem na época de crescimento, nem na de baixa. O economista Mahatma Ramos, técnico do Dieese que acompanha as negociações salariais junto à Fentac/CUT, ressaltou que são os trabalhadores os que mais sofrem nessa conjuntura incerta, apesar de serem os principais geradores de receita para as empresas, e defendeu que as empresas têm condições de oferecer mais.

Ele ressaltou que os custos das empresas em 2015 cresceram abaixo da receitas, o que permite um reajuste mais digno que o ofertado. Também argumentou que o custo com pessoal representa cerca de 15% do total das despesas das companhias, atrás do custo de combustível e arrendamento de aeronaves. “Como as empresas não tem capacidade para definir o custo de combustível, ou dos juros internacionais para o financiamento, fazem o ajuste em cima do custo da força de trabalho. Nos últimos 4 anos, tivemos mais de 6 mil demissões, representando uma redução de cerca de 10% da mão-de-obra no setor, o que pode ser considerada uma demissão em massa, sem contar a terceirização, a alta rotatividade, o aumento excessivo da produtividade”, afirmou. O economista destacou ainda que o custo de combustível caiu em 2015, e o volume de passageiros transportados cresceu, nos últimos 10 anos, 133% no mercado doméstico, e que a demanda internacional também aumentou. “Em compensação, o ganho real anual dos trabalhadores não passou, em média, de meio porcento ao longo desse período, mantendo os salários praticamente estagnados”, afirmou.

A bancada dos trabalhadores ressaltou que a curva operacional do setor é de crescimento, mesmo levando em conta que o setor vivencia, como outros na economia brasileira, um momento de crise. Destacou também que os trabalhadores sofrem com a crise, com o aumento do custo de vida, e precisam de um reajuste digno. Os representantes sindicais destacaram ainda que o ajuste feito pelas companhias, enxugando as operações, vem ampliando gradualmente a taxa de ocupação de aeronaves e, somado ao aumento das tarifas, vem garantindo a sustentabilidade aos negócios. Além disso, lembraram que a redução ocorrida no preço da querosene e no dólar, no último período, beneficiou as companhias aéreas.

Nesta sexta-feira, os sindicatos de aeroviários ligados à Fentac/CUT realizam assembleias com os trabalhadores nas bases para deliberar sobre a contraproposta das empresas e os rumos da campanha. A próxima rodada de negociação com o SNEA será realizada em dia 24 de novembro, às 11 horas, na sede da entidade patronal. A última rodada antes da data-base acontece no dia 30.

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Fotos de Kalinka Kaminski/Sindicato

 

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