Este não foi um ano fácil para os trabalhadores da TAP ME. De fato, desde 2017, uma série de demissões vinham acontecendo na empresa, de forma esparsa, o que acabou se intensificando nos últimos meses daquele ano. Assim, em meio ao péssimo momento, foi firmado um acordo através do Sindicato para que os trabalhadores que já haviam sido demitidos, de setembro em diante, pudessem sair da empresa com a garantia de receber as verbas rescisórias em sua totalidade, uma indenização de 4 salários-base, plano de saúde e dental por 5 anos e passagens aéreas TAP. Durante 2018, esse acordo foi ainda estendido por mais duas vezes através de assembleias em decisão da categoria aeroviária, e por fim, encerrou-se em dezembro.
Já para o fim da primeira metade do ano, muitos foram os boatos que circularam nos corredores da empresa. Muitos desses boatos foram fruto das visitas de representantes de grupos que estariam interessados em adquirir partes ou a totalidade da sede da TAP ME em Porto Alegre. A presidência da empresa, em julho, afirmou, em reunião com o Sindicato, a permanência da sede na cidade, ainda incerta sobre os setores de manutenção, mas garantindo que seria firmado um contrato de aluguel de cinco anos com a Fraport pela área das oficinas.
Essa certeza de permanência da base na capital gaúcha, porém, não se concretizou. Em anúncio feito no Hangar 3, no mês de setembro deste ano, a presidenta da TAP ME afirmou que o grupo encerraria as atividades da sede de Porto Alegre ainda em 2018. Alguns aeroviários foram transferidos para a base carioca, que continua em atividade, apesar de já reduzida. Já outros aderiram a um dos acordos e se despediram da TAP ME.
“É realmente muito triste ver o fim de uma base que começou sua história lá trás, com a Varig, local que foi berço da aviação e motivo de orgulho para todo o país e referência internacional”, afirma o Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre. Segundo o Sindicato, uma das grandes motivações que levou a entidade a acompanhar de perto o processo de fechamento da empresa e negociar o acordo para os aeroviários demitidos foram os casos de empresas que desapareceram ou fecharam suas portas sem pagar os direitos aos trabalhadores. “Nós vivemos isso um sem número de vezes com pequenas empresas e até mesmo com a Varig, vimos casos horríveis de trabalhadores que perderam seu sustento e ainda ficaram sem seus direitos”, afirmam os diretores sindicais.
Com o fechamento da TAP ME, o cenário aeroviário gaúcho mudou bastante. Assim, a realidade do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre também mudou. Hoje, a categoria passa a se concentrar diretamente no Salgado Filho, nas empresas que nele atuam. Uma categoria que antes era majoritariamente formada por mecânicos, hoje é composta de maneira mais distribuída pelas diferentes atuações aeroviárias.