EDITORIAL
A TAP ME retomou um processo forte de demissões. Somente ontem, 28 colegas perderam o emprego na base de Porto Alegre. A perspectiva é péssima, pois o número de dispensados pode quase triplicar. Na contramão do argumento de necessidade de redução de despesas, grande parte dos trabalhadores demitidos recebiam salários baixos. Muitos estavam entre aqueles que mais têm se dedicado à recuperação da empresa, com avaliações de bom desempenho, assiduidade, pontualidade. Já os gestores e gerentes com altíssimos salários, de mais de R$ 10 mil, têm seus empregos garantidos pela TAP ME, apesar dos escândalos (uso de e-mail corporativo para questões pessoais, assédio moral, racismo, gastos excessivos com viagens), dos prejuízos provocados à empresa e aos colegas, pois são cumpadres e apadrinhados. A TAP ME prova mais uma vez que quer manter os vícios que levaram a antiga Varig e a VEM a sua crise, e descarta pessoas dedicadas e profissionais de forma injusta e vergonhosa, quando poderia mantê-las e reduzir o número de gerentes. Não existe um critério lógico para as demissões, nem para as avaliações internas, e o descrédito diante dessa gestão da TAP ME é gigante. Ninguém mais acredita nas políticas do RH da empresa, nem na seriedade dos seus gestores.
Desde que a VEM foi adquirida pela TAP, os trabalhadores vêm sofrendo e pagando o preço pela má gestão da empresa de manutenção aeronáutica. O grupo TAP faz vista grossa e, apesar das denúncias de irregularidades, não fiscaliza a subsidiária no Brasil, permitindo que os recursos vindos de Portugal sejam mal empregados aqui. Em 2007, a TAP ME (ou VEM) empregava no Brasil quatro mil trabalhadores. Hoje são cerca de 2.200, sendo 1.200 em Porto Alegre. A empresa vem sendo sucateada em todos os aspectos, especialmente no capital humano. Um exemplo claro disso são as demissões dos aeroviários que atuam na limpeza técnica e pintura (atividade fim), de forma totalmente irregular de acordo com a legislação vigente sobre terceirizações, para a contratação da BenLog, precarizando o trabalho e os salários. O governo português deveria fiscalizar a TAP ME Brasil para evitar o aumento do passivo trabalhista. O presidente da TAP ME mantém uma postura arrogante e fechada para o diálogo, se afastando cada vez mais dos trabalhadores por saber que ninguém concorda com a forma como administra a empresa. O Sindicato já denunciou o caso ao Ministério Público do Trabalho de Brasília e considera uma pena o fato de a TAP Portugal fechar os olhos para essa gestão, não tomando nenhuma medida para sanar os problemas na empresa no Brasil. O Sindicato está à disposição dos colegas demitidos para dar todo o suporte jurídico necessário.