TAP lucra muito com o Brasil e quer ampliar voos

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O argumento de que a TAP M&E dá prejuízo para o grupo TAP, em Portugal, pode até ser verdadeiro. Mas a aérea TAP tem obtido no Brasil mais de metade da sua receita, e esses números não param de crescer. Se a TAP M&E dá prejuízo, isso deve-se à má gestão da empresa, fato que vem sendo denunciado desde que Koch assumiu a presidência.

A direção da TAP M&E não faz sua lição de casa e quer fazer sangrar os funcionários. Banca altos salários bem acima do mercado, para pessoas que estão na empresa desde os tempos da Varig; enquanto a maioria dos funcionários convive com salários bem abaixo do mercado, sobrecarga, assédio, excesso de horas extras, falta de equipamentos, condições insalubres e arriscadas à saúde e à segurança.

A TAP M&E não cumpre protocolos e põe em risco a operação do Aeroporto Salgado Filho e os funcionários em geral. Acidentes são cada vez mais frequentes e graves. O plano de carreira nasceu uma mentira. As promoções não têm critério. Se a lição de casa dos executivos da TAP M&E tivesse sido feita, desde a posse de Koch, que sempre optou pela truculência ao invés de ouvir seus funcionários, o cenário poderia ser positivo.

A TAP Portugal, por sua vez, fez sua lição de casa. A aérea oferece atualmente mais de 70 voos semanais no Brasil, segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas de Aéreas), e é a companhia aérea que mais voa entre o nosso país e a Europa. Cabe ressaltar que é o mercado brasileiro que tem possibilitado à companhia o seu crescimento. O Brasil representa 27% de todas as vendas da TAP, de acordo com matéria da revista Exame, e supera inclusive Portugal na geração de receita para a aérea. A expectativa é de que a TAP invista forte no país, visando ultrapassar 80 voos semanais. Por tudo isso, nada justifica esse arroxo salarial, ou as condições precárias de trabalho enfrentadas pelos aeroviários da TAP M&E em Porto Alegre. Se o grupo investe na subsidiária brasileira, é porque está investindo no país, por razões comerciais favoráveis à empresa.

Demitir trabalhadores para calar um movimento legítimo é uma atitude truculenta, que merece uma resposta de todos. E a única resposta possível, além da denúncia dessa situação aos órgãos competentes, é a unidade ainda maior dos aeroviários, em defesa dos colegas demitidos injustamente e por todas as mudanças que viemos lutando e nos levaram a protestar ao longo dessas semanas, após anos de tentativas frustradas de negociação e muita paciência de todos. Demitir 20 é fácil. E se fossemos 500? Vamos ficar parados e calados?

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