Neste Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, celebrado no 28 de abril, o Sindicato propõe um questionamento: quais os impactos da terceirização na saúde e na segurança dos trabalhadores?
Dois dados apresentados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e apurados em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioenômicos (DIEESE), apesar de pequenos recortes, são bastante assustadores. Em 2011, 61 das 79 mortes de trabalhadores do setor elétrico foram de empregados por empresas terceirizadas. O outro dado é igualmente assustador: no intervalo de 2005 a 2012, 85 trabalhadores terceirizados morreram prestando serviço para a Petrobrás. Dentre os contratados pela própria empresa, esse número foi de 14 trabalhadores.
Mas e na aviação, como está a situação dos trabalhadores terceirizados?
O processo de terceirização da aviação está lento, mas é gradual. Pouco a pouco, empresas vão substituindo aeroviários por trabalhadores de empresas contratadas. Aplicado por cada empresa de uma forma diferente, o ritmo dessa transformação ainda recebeu fôlego com a Lei da Terceirização, sancionada em 2017 por Michel Temer.
Com cada vez mais trabalhadores terceirizados executando funções que antes eram exclusivas de aeroviários, cresce a preocupação do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre. Aos poucos, setores como o de bagagens e até mesmo o check-in estão sendo terceirizados pelas empresas.
Para a entidade, trabalhadores que atuam no setor precisam de treinamentos e suporte adequados das empresas, o que muitas vezes não é fornecido pelas terceirizadas. “Tem também a questão da experiência no setor, muitas vezes as aéreas têm aeroviários de longa data, com muitos anos de atuação no setor e muita qualificação. Já uma terceirizada pode não ter trabalhadores com a mesma capacitação, tanto em experiência quanto em formação”, completa o Sindicato.
Neste 28 de abril, o Sindicato reforça que a terceirização afeta a saúde e a segurança dos trabalhadores. Seja pela precariedade das condições, seja pela falta de treinamentos ou de suporte, está nos números. Existem mais mortes no trabalho para os terceirizados. E é com essa preocupação que a entidade questiona, “a vida de um trabalhador vale menos que a pouca economia da terceirização?”