Editorial: Um Dia do Trabalhador sem motivo para comemoração

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O ano é 2021, mas parece que ainda estamos em 2020. Escolas voltando ao funcionamento, comércio relaxando as medidas de distanciamento e se aproximando da normalidade, mas a vacina, que possibilitaria para o brasileiro uma retomada segura do trabalho, ainda não veio.

De certa forma estamos mais próximos do que foi o começo da pandemia do que da realidade. O Brasil ronda a casa dos 400 mil mortos pela covid-19, mas o número de vacinados ainda beira os 6% da população. Se os números são esses (e são assustadores), porque estamos tão próximos da normalidade?

Para o Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, a resposta é simples: a vida do trabalhador não interessa ao empresário e ao governo. Os empresários e os governantes que encolhem salários e cortam direitos trabalhistas em qualquer oportunidade que tem agora justificam uma retomada da rotina com a alegação de proteger os empregos do cidadão. Sabemos que isso não é verdade. Sabemos que o interesse é do bolso deles.

É óbvio que o brasileiro gostaria de retomar seu trabalho, ganhar seu sustento como acontecia antes da pandemia, ajudar o país a crescer e melhorar a economia, mas esse brasileiro está sendo forçado a retornar para sua antiga rotina sem segurança nenhuma.

Comparado com janeiro de 2020, pré pandemia, janeiro de 2021 contou com em torno de 60% mais mortes de caixas de supermercado e motoristas de ônibus. Esses trabalhadores não viram o home office, sempre mantiveram-se trabalhando durante toda a pandemia, mas não foram classificados como prioridade para a vacinação. Essas duas categorias nos mostram que, tentar impor ao brasileiro uma falsa normalidade só tem um resultado, e ele é a morte de muitos.

Professores deverão retomar as aulas nos próximos dias também sem nenhuma garantia de vacina, esta que é uma categoria historicamente subvalorizada pela nossa sociedade.

Esta é uma data que geralmente conta com uma celebração, mas o Sindicato não vê motivos para comemorações neste momento. É um momento difícil, patrões e governo colocam a classe trabalhadora em uma posição extremamente perigosa. Aos trabalhadores resta a resistência, ferramenta de eficiência comprava pela história. Se não nos levantarmos contra esse descaso ele não terá fim.

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