Nas últimas semanas, eclodiu no mundo um movimento antirracista. No Estados Unidos da América, após o assassinato de George Floyd pelas mãos de policiais, milhares de pessoas tem saído às ruas para protestar por mudanças na estrutura da polícia. Lá, a violência policial é marcada pelo racismo que é comprovado em diversos números, como por exemplo o dado que mostra que negros tem 2,9 vezes mais risco de serem mortos pela polícia do que brancos.
Mas o Brasil não está nem um pouco longe desse número. Por aqui, segundo a mesma reportagem do Correio Braziliense que trouxe o dado anterior, as chances de negros serem mortos pela polícia é 2,3 vezes maior do que a de um branco. Outro dado trazido pelo portal Poder 360 dá conta de que no ano de 2019 a polícia brasileira matou 17 vezes o número de pessoas negras que a polícia norte americana, totalizando um total de 4.353 mortes. É uma realidade terrível. Somos atingidos por histórias lamentáveis que retratam essa realidade consecutivas vezes. É o caso de João Pedor, Kauã, Jenifer, crianças negras que foram vítimas de disparos da polícia.
Como conta a uma reportagem do jornal Sul21, essa realidade está bem próxima de nós. No dia 17 de maio a Brigada Militar alvejou o angolano Gilberto Andrade de Casta Almeida e sua amiga Dorildes Laurindo, que faleceu após internação hospitalar. Os dois estavam dentro de um carro dirigido pelo motorista de aplicativo Luiz Carlos Pail Junior, procurado pela polícia por tentativa de feminicídio. Após furar barreira da polícia, o motorista abandonou o carro e foi capturado. Já os dois passageiros, mesmos após afirmarem serem inocentes e implorarem para que os policias não atirassem, foram vítimas de disparos. Conforme conta Gilberto na reportagem, “depois que eu tava baleado eles diziam ‘tu vai sangrar até morrer. Morre capeta. Morre exu desgraçado’. Ainda me perguntaram se eu era haitiano. Eu disse que era angolano e um deles disse: ‘tu vai morrer’”. A fala do policias tira o racismo de qualquer entrelinha e escancara a verdade em nossas caras: possuímos uma sociedade racista e por consequência e fruto dessa sociedade, temos também uma polícia racista.
O Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre é um parceiro dos trabalhadores na luta contra o racismo. A entidade, que em sua história participou de movimentos, marchas e campanhas contra o preconceito, vem nesse editorial reafirmar a sua posição antirracista. Para o Sindicato, é importante que todos nós sejamos combatentes contra o racismo nas frentes que nos são acessíveis. Para tanto, a diretoria sindical pede que sejam levadas para o conhecimento da entidade denúncias de racismo dentro do ambiente de trabalho. Para relatar qualquer acontecimento do tipo de forma anônima, o Sindicato disponibiliza um formulário na área de Fale Conosco do site www.aeroviarios.org.br. “Os trabalhadores podem ter a certeza de que estamos disponíveis, de que podem contar conosco”, afirmam os diretores sindicais.