Desde o final de novembro, trabalhadores de diferentes empresas que operam no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, estão sofrendo com agressões físicas e verbais de passageiros.
No dia 20 de novembro, trabalhadores do check-in da Latam foram ofendidos com palavras homofóbicas e preconceituosas por um casal, que segundo relatos, insatisfeito com o atraso do seu voo, chegou a invadir a área de trabalho dos aeroviários.
Já o segundo caso aconteceu no dia 4 de dezembro, quando um passageiro, que estaria indignado com o atraso de seu voo, agrediu trabalhadores da Avianca. Segundo o Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos (Sindigru), um dos trabalhadores chegou a ser encaminhado para atendimento em um hospital. Há um vídeo que registra o momento da agressão e pode ser assistido clicando abaixo.
O terceiro caso aconteceu no dia 7 de dezembro e chegou a viralizar nas redes sociais. O vídeo, feito pela esposa de um jogador de futebol, mostra um trabalhador da Latam que estaria bravo com o atleta. Conforme o Sindigru, a empresa demitiu arbitrariamente o trabalhador, não conduzindo uma investigação sobre o caso. Nesta terça-feira (18), a entidade que representa os aeroviários de Guarulhos realizou um ato em defesa dos trabalhadores no piso térreo do TPS2, em frente à subsede da entidade. Um vídeo do ato pode ser conferido abaixo.
Sindigru realiza ato em defesa da paz e solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras do check-in no GRU Airport#SomosTodosSindigru#ChegaDeAgressões#RespeiteAeroviários
Publicado por Sindigru/CUT em Terça-feira, 18 de dezembro de 2018
O Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre está ao lado do Sindigru na luta pelos direitos dos trabalhadores que atuam no check-in. Para a entidade que representa os aeroviários gaúchos, este setor é especialmente exposto a pressões. Esses são trabalhadores que precisam cumprir manuais internos de apresentação, como corte de cabelo e barba, unhas feitas e maquiagem. Além desta cobrança das empresas, os trabalhadores precisam atender o público que, muitas vezes indignado com o atraso dos voos, comete excessos e agressões físicas e verbais. A entidade, assim como o Sindigru, acredita que esses trabalhadores não devem ser responsabilizados por voos atrasados e estão presentes nos balcões das empresas porque, muitas vezes, amam a aviação. “Nós repudiamos qualquer agressão em ambiente de trabalho. É inaceitável e as empresas devem tomar providências”, afirma o Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre.
O Sindigru também divulgou uma carta endereçada aos passageiros que pode ser lida abaixo.
Carta aos passageiros
Sindigru divulga carta aos passageiros (as) do GRU Airport
“O Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos (Sindigru), em nome dos trabalhadores (as) do setor de check-in das empresas Latam, Gol, Azul, Avianca e das demais companhias aéreas no GRU Airport, pede sua compreensão e apoio para combater e reduzir a onda de agressões/violência que os funcionários têm sido vítimas quase todos os dias nos locais de trabalho por alguns passageiros.
Esses funcionários (as) têm assegurado que todos tenham uma retaguarda operacional porque cuidam com dedicação do seu embarque e desembarque.
Também efetuam o serviço de atendimento especial aos passageiros VIP (crianças, idosos, gestantes, pessoas com deficiência entre outros) e realizam a conferência das bagagens e documentos.
Os trabalhadores e trabalhadoras no check-in passam por treinamentos rigorosos e têm que cumprir regras das empresas aéreas, como por exemplo, obedecer aos critérios dos Manuais de Apresentação Pessoal.
Muitos não sabem é que eles têm que seguir essas regras que destacam a exigência do padrão de maquiagem, cabelo/sobrancelha bem feitos e unha esmaltada.
Se caso não cumprirem tais requisitos podem sofrer punições e até advertências. As empresas não custeiam essas exigências que são pagas pelos próprios trabalhadores (as).
O Sindigru e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT (FENTAC) sempre se posicionaram contra a essas exigências e têm cobrado das empresas que arquem com esses custos. Mas a resposta das companhias tem sido negativa, infelizmente.
Os funcionários (as) têm muito orgulho do trabalho que desenvolvem na aviação civil no Aeroporto Internacional de São Paulo que garante a todos uma viagem tranquila, segura e confortável e, portanto, não são culpados por eventuais atrasos ou cancelamentos de voos.
O Sindigru e os trabalhadores repudiam todas as formas de violência e acreditam que nenhum de vocês gostariam de receber uma notícia de que um filho (a) ou qualquer pessoa de seu círculo de amizades/familiar fosse agredido ou intimidado de forma covarde no ambiente de trabalho.
Mais uma vez, contamos com o apoio de todos passageiros e saibam que os trabalhadores do check-in estão do seu lado, para ajudá-lo sempre em todos os momentos do embarque/desembarque e desta forma lhe assegurar um voo seguro e tranquilo”.
Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos
Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT