Editorial: Sangue, suor e lágrimas na TAM

0

Os trabalhadores da Rampa da TAM já esperam há quatro anos por uma solução para o vestiário. Os primeiros conteiners, em péssimo estado de conservação, vieram com defeitos que podiam ocasionar acidentes graves e foram interditados após a intervenção do Sindicato.

Os novos seguem fechados, porque a TAM não chega num acordo com a Infraero sobre a instalação elétrica e o local. Os trabalhadores sentem-se enganados pela companhia. O Sindicato vem, ao longo desses anos, pressionando pela criação do vestiário junto à TAM e à Infraero e já denunciou o caso ao Ministério Público do Trabalho e à Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores. A denúncia levou a TAM a instalar os conteiners a toque de caixa, mas eles nunca puderam ser utilizados. Com esse descaso, a TAM está infringindo a legislação trabalhista. O Sindicato vai denunciar novamente a situação aos órgãos competentes mas entende que somente uma forte mobilização dos aeroviários poderá levar a empresa a mudar sua conduta.

Recentemente, o SESMT da TAM afirmou que a empresa não tem obrigação de instalar chuveiros, o que é uma indignidade, uma vez que os trabalhadores realizam esforço físico constante e precisam dos chuveiros para sua higiene. O SESMT deveria priorizar a saúde e bem estar do trabalhador, mas só pensa no lucro da empresa. Seus técnicos já disseram, por exemplo, que não querem ver objetos em cima nem fora dos armários, que ficam na rua, ao relento e em estado de sucata. Ou seja, sapatos sobre os armários prejudicam a imagem da empresa, mas trabalhadores expostos a intempéries e sem vestiário com chuveiros não interessam a ninguém.

Com essas atitudes, TAM e Infraero demonstram uma total falta de compromisso com os trabalhadores. A companhia tem ampliado a ocupação dos voos, mas não investe nos funcionários. A estatal realiza obras no aeroporto apenas na área de passageiros, esquecendo-se dos aeroviários que atuam no terminal. Assim, ou a Rampa para, ou a situação não vai mudar.

Para piorar, os aeroviários do setor têm sofrido assédio nos briefings da manhã. Alguns líderes e o encarregado da Rampa vêm pressionando os trabalhadores para realizarem horas extras e ampliarem a produtividade, com ameaças de advertência e demissão “por justa causa”. Os líderes chegam a justificar sua conduta dizendo que os trabalhadores estão ganhando mais (devido à conquista do adicional de periculosidade) e por isso têm que trabalhar mais, o que é totalmente irregular. O Sindicato está na luta para reverter essa conduta. A entidade já denunciou situações semelhantes à direção da TAM, que coibiu esse tipo de postura demitindo o encarregado.

Share.

Comments are closed.