Desde o início desta quarta-feira, os aeroportuários (funcionários da Infraero) iniciaram uma greve nos 63 aeroportos administrados pela estatal.
O motivo é um impasse muito forte nas negociações da campanha salarial, e a proposta de redução de benefícios e aumento zero nos salários apresentada pela Infraero. Os trabalhadores lutam por aumento de 16% nos salários mais aumento nos benefícios.
Segundo o G1, até as 13 horas, 204 voos sofreram atrasos e 77 foram cancelados.
Em razão da força do movimento, a estatal já propõe aumento igual a inflação, mas os trabalhadores lutam por aumento real e estão revoltados com os prêmios pagos ao alto escalão da empresa e com a proposta de redução da cobertura do plano de saúde dos funcionários e aumento da contrapartida paga por eles.
O Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre acompanha desde o início da manhã a greve no Aeroporto Salgado Filho, apoiando o movimento.
Também acompanhou os protestos contra a privatização dos aeroportos de Cumbica, Viracopos e Brasília. Os trabalhadores não conseguiram barrar o entreguismo do patrimônio público, mas garantiram estabilidade até 2018 aos trabalhadores dessas bases.
Ao invés de privatizar, os sindicatos lutavam por mais transparência na gestão da estatal, para coibir a corrupção, mais investimentos em infraestrutura e a aplicação da receita da Infraero nela mesma, porque parte dos recursos iam para a União. Nem o valor arrecadado com as privatizações ficou com a estatal, explicam os sindicalistas, e os aeroportos foram vendidos ao capital internacional com financiamento do BNDES.
Eles ressaltam que desde que o governo propôs a privatização dos aeroportos, sabia-se que a falta dos recursos vindos dessas bases iria prejudicar gravemente o caixa da estatal. E é justamente isso, a falta de recursos, a justificativa para as dificuldades nas negociações da campanha salarial, que levaram à greve.
“A privatização levou à precarização do trabalho, exemplificada nessa proposta de redução de benefícios e reajuste zero para a categoria”, explicam os sindicalistas. Repor apenas a inflação sem aumento real também não atende aos interesses dos trabalhadores.
De acordo com o diretor do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Marco Pinheiro, se o governo privatizar o Aeroporto de Confins, a Infraero perderá 50% de sua receita. “Não podemos permitir que o trabalhador pague a conta pelo desmonte da Infraero”, diz. A adesão à greve é muito grande em Porto Alegre, o que se repete nas outras bases.
Uma assembleia acontece desde às 15 horas dessa quarta (31), para debater o movimento.