EDITORIAL: Nós pagamos a conta

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Bomba da péssima gestão e da Reforma Trabalhista estoura no trabalhador

São doze anos de erros da gestão da TAP ME no Brasil. Neste período, anos em que a empresa alegava dar prejuízos, altos salários e cargos foram perpetuados e mudanças visando o futuro da manutenção não foram pensadas.

A sociedade e os trabalhadores da empresa em Portugal sempre foram contra a aquisição da VEM. Lá no início, o Sindicato procurou os sindicalistas da matriz da empresa para estabelecer uma unidade em defesa do trabalhador, mas o interesse por parte dos aeroviários portugueses não foi mútuo. A entrevista que um trabalhador brasileiro concedeu em Portugal também colaborou para que a direção portuguesa não visse a manutenção brasileira com bons olhos e resultou finalmente no fim dos repasses de verba para o Brasil.

Todos esses erros das presidências de Nestor Koch e de Gláucia Loureiro (esta última presente nas três últimas gestões da empresa) e a visão dos acionistas sobre o trabalho das bases brasileiras resultaram no que tivemos nestes últimos meses: medo constante dos aeroviários em serem demitidos, gerando uma pressão extrema dentro da empresa. Sem nenhuma sensibilidade, no último dia 22 de junho, exatamente no Dia do Aeroviário, a categoria foi presenteada pela presidente com mais demissões.

Para o Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, faltou transparência da presidente tanto nas reuniões com os trabalhadores como nas reuniões quinzenais com a entidade sindical. “A mão de obra é o maior patrimônio da sede gaúcha, reconhecida internacionalmente pela qualidade do seu trabalho. A retomada de uma boa situação financeira não deve passar pelo sucateamento desse serviço”, adverte o Sindicato. A Reforma Trabalhista e a Lei da Terceirização também são fatores que permitiram que a empresa contrate trabalhadores sob outro regime, com qualidade muito inferior de direitos, eliminando custos trabalhistas de sua folha de pagamento.

A manutenção dos postos de trabalho é uma prioridade do Sindicato. Sem aeroviários, não há motivo para a existência de uma entidade representativa. Há muito tempo que o Sindicato pede que a diretoria da TAP ME olhe atentamente para os salários gordos de suas gerências, mas os cargos do alto escalão continuaram a ser protegidos.

Presidente do Sindicato Leonel Montezana conversa com trabalhadores da TAP ME na última sexta-feira (22) (Sindicato).

O Sindicato sabe que este é um momento muito doloroso para todos os trabalhadores aeroviários de Porto Alegre. Cada um tem a sua dor, e o Sindicato está presente para dar o suporte para aqueles que perderam seus empregos. Toda a diretoria a assessoria jurídica sindical estão à disposição dos trabalhadores para prestar qualquer au

xílio que seja necessário. Um banco de currículos também está sendo pensado pela entidade para apoiar os trabalhadores na busca por recolocação no mercado de trabalho.

“É lamentável o rumo dado para a empresa pela sua direção. Nós sabemos a grandeza desses trabalhadores gaúchos, aeroviários comprometidos e capacitados que não merecem ser tratados dessa forma pela direção da TAP ME”, afirma o Sindicato. Para minimizar os erros da empresa e minimizar os efeitos dessas demissões, o Sindicato negociou por meses um acordo para os que foram demitidos, garantindo quatro salários, plano de saúde por cinco anos e passagens aéreas TAP.
A retomada desses postos de trabalho, porém, deve acontecer. Já passamos por crises piores e saímos dela maiores ainda. Sempre que a economia brasileira cresce 1%, o setor aéreo tende a crescer no mínimo 2,5%. Há na base gaúcha uma tradição em manutenção de aeronaves, e o Sindicato acredita que, se bem administrados, os hangares podem voltar a empregar mais aeroviários.

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